quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A CIRCULAÇÃO

Em animais de pequeno volume, como cnidários e alguns vermes, ou com uma grande rede de câmaras e canais internos, como as esponjas, os tecidos estão em contato direto com o meio ou então muito próximos da superfície corporal. Dessa maneira, a passagem de alimentos, as trocas gasosas e a eliminação de excretas podem ser facilmente executadas por difusão direta. Esse processo, relativamente lento, é eficiente apenas quando as distâncias a serem percorridas pelas substâncias são pequenas.

Com a evolução, porém, os animais se tornaram mais complexos, e muitos deles, mais volumosos, ficando seus tecidos e órgãos cada vez mais distantes entre si e do meio exterior. A difusão direta já não era mais suficiente para promover trocas rápidas entre as células e o meio. O surgimento de um sistema transportador veio, então, garantir a circulação das substâncias pelo corpo, efetuando a distribuição de alimentos, a retirada de excretas e as trocas gasosas. Esse sistema é basicamente constituído por uma rede de vasos; um órgão propulsor, o coração; e um tecido líquido, o sangue.

O SANGUE

O sangue é bombeado pelo coração para todo organismo via sistema circulatório. Através de seus glóbulos vermelhos transporta oxigênio dos pulmões para os tecidos e retira o gás carbônico dos tecidos levando-o para ser eliminado pelos pulmões. Através dos seus glóbulos brancos participa ativamente da defesa do organismo. O sangue contém ainda proteínas que regulam o sangramento. Outra função básica do sangue é o transporte de anticorpos, nutrientes, açúcar, gorduras, vitaminas e sais minerais.

Plasma

Contém aproximadamente 90% de água. Nele estão dissolvidas proteínas como a albumina, as globulinas, o fibrinogênio, as aglutininas, os anticorpos e muitas enzimas. Além disso, encontram-se no plasma aminoácidos, açúcares, colesterol, lipídios simples e substâncias resultantes da digestão, que são distribuídas às células. Há ainda materiais da excreção nitrogenada, como uréia, ácido úrico e creatinina, removidos dos tecidos. Da composição do plasma fazem parte também vitaminas, hormônios e sais minerais.

Hemácias

As hemácias (eritrócitos) são pequenas células discóides, bicôncavas e anucleadas. Em casa mm³ de sangue humano há cerca de 5 milhões delas, carregadas de hemoglobina, um pigmento respiratório transportador de oxigênio.

A hemoglobina forma um composto instável com o oxigênio. Essa propriedade garante uma pronta combinação com o oxigênio nos órgãos respiratórios, onde há alta tensão do gás, e fácil liberação desse oxigênio nos tecidos, onde ele se encontra em baixa tensão.

A CIRCULAÇÃO DUPLA

A circulação nos vertebrados, além de fechada, pode ser simples (peixes) ou dupla, nos animais de respiração pulmonar (anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Neste caso, existe um circuito pulmonar (coração – pulmão - coração), que constitui a pequena circulação, e um circuito corporal ou sistêmico (coração – corpo – coração), que constitui a grande circulação.

No ser humano, o coração tem quatro câmaras – dois átrios e dois ventrículos –, sendo a metade direita venosa (sangue com alta taxa de CO2) e a metade esquerda arterial (sangue com alta taxa de O2).

O coração e as válvulas

O coração tem quatro câmaras: dois átrios, que recebem sangue, e dois ventrículos, que impelem o sangue para fora. Nos pontos de saída das artérias pulmonar e aorta existem válvulas (válvulas semilunares), em forma de lâminas ou pregas, que evitam o refluxo do sangue para os ventrículos após a sua contração (sístole). A válvula tricúspide (com três lâminas) e a mitral (com duas lâminas) têm a mesma função, isto é, só deixam passar sangue num sentido. Anomalias nas válvulas (prolapsos) provocam refluxo parcial do sangue, comprometendo o trabalho cardíaco. Casos graves são conseqüências de infecção causada por um estreptococo que induz nosso sistema imunológico a atacar “por engano” as válvulas cardíacas, chegando a inutilizá-las. Isso leva à necessidade de cirurgias de implantes de válvulas artificiais, que requerem de abertura do coração.

O trabalho de bombeamento feito pelo coração é coordenado, implicando a entrada simultânea de sangue nos dois átrios, sua passagem para os ventrículos através das válvulas e a saída, por contração dos ventrículos.

Os vasos sangüíneos

Independentemente do tipo de sangue, venoso ou arterial, que transportam, as artérias são vasos que saem do coração, e as veias, vasos que levam o sangue de volta ao coração. Assim, tanto artérias quanto veias podem transportar sangue arterial, rico em oxigênio, ou sangue venoso. Em geral, artérias têm sangue arterial e veias, sangue venoso. No entanto, a grande artéria pulmonar, que sai do coração, transporta sangue venoso, e as veias pulmonares, que chegam ao coração, transportam sangue arterial. As artérias se ramificam em arteríolas, e estas em redes de capilares, que irrigam os tecidos. Os capilares unem-se constituindo vênulas, e estas se reúnem em veias que levam o sangue de volta ao coração.

A parece dos capilares é muito fina, pois é formada apenas por um epitélio simples, pavimentoso, o endotélio. Através dele ocorre à contínua troca de substâncias, por difusão, entre o plasma e os líquidos intercelulares.

O trabalho cardíaco

A contração (sístole) da musculatura cardíaca (miocárdio) determina uma pressão no sistema arterial ligado aos ventrículos. Essa pressão arterial, medida no momento da sístole (pressão sistólica), é de mais ou menos 120mmHg e cai para cerca de 80mmHg no momento da diástole (pressão diastólica). Dizemos então que, em condições normais, a pressão arterial deve ser de 120 por 80mmHg, ou simplificando, 12 por 8.

A linfa

A linfa assemelha-se ao sangue pela presença de linfócitos e de alguns leucócitos granulócitos. Não apresenta hemácias, plaquetas ou monócitos. As células predominantes são os linfócitos, lançados na linfa quando esta atravessa os tecidos linfóides dispersos pelo corpo. Circula numa extensa rede de capilares que acompanham os capilares sangüíneos na intimidade dos tecidos.

Os linfonodos

Ao longo da rede de vasos linfáticos dispõem-se pequenas estruturas globulares arredondadas, os linfonodos. Eles têm uma cápsula fibrosa externa e, internamente, um tecido reticular linfóide, com linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Pode-se dizer que a linfa, ao percorrer o interior do linfonodo, é lentamente filtrada numa espécie de labirinto esponjoso, sofrendo a ação direta dos macrófagos e dos anticorpos produzidos pelos plasmócitos.

Numa região de infecção, os linfonodos podem se apresentar muito inchados, inflamados e dolorosos, sendo conhecidos popularmente como caroços ou ínguas, ocorrendo especialmente nas virilhas e axilas, ou ainda na região cervical (pescoço).

Outros órgãos linfóides, que variam em tamanho, localização são encontrados em muitas regiões do corpo. Os mais conhecidos são as to tonsilas (antigas amígdalas), o timo e o baço. Este último é o maior órgão linfóide e o único localizado no percurso de grandes vasos sanguíneos, no abdome.


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